Nós brasileiros, principalmente os que tem mais de 40 anos, sabemos bem o terror de se viver em um país com inflação descontrolada.
E após décadas de um controle rígido da inflação, agora voltamos a lutar contra esse perigo, que exige remédio amargo para combatê-lo.
Mas você sabe exatamente por que esse perigo está nos assombrando de novo? Sabe de quem é a culpa? Sabe por que a inflação é tão prejudicial ao nosso povo?
Vamos lá então, vou tentar explicar da forma mais simplificada possível a resposta para essas perguntas.
Primeiramente, é importantíssimo deixar claro, a inflação é atualmente um fenômeno mundial. Recordes atrás de recordes em praticamente todos os países do mundo, ao mesmo tempo.
E isso tem como principal motivo a pandemia que estamos vivendo atualmente. Isso porque, para realizar isolamento social, e fechar alguns setores da economia (em alguns países foram fechados quase todos), governos imprimiram dinheiro numa quantidade e velocidade como nunca fizeram, e injetaram esse dinheiro na economia e em programas sociais em todo o globo.
No curto prazo pode parecer ser o melhor a se fazer, mas sempre que um governo imprime dinheiro e aumenta sua quantidade na economia, 2 coisas acontecem: primeiro que, com mais unidades disponíveis para um mesmo número de pessoas, o valor de cada unidade diminui (desvalorização da unidade de dinheiro). Segundo que, com a mesma quantidade de produtos produzidos, quando o governo coloca mais dinheiro na economia a demanda aumenta (de forma desequilibrada, pois o dinheiro extra não é distribuído a todos ao mesmo tempo), o que também faz com que o valor dos produtos (agora mais escassos) se eleve.
Com isso (de maneira muito simplificada) temos a temida inflação. E esse mesmo mecanismo ocorreu no mundo inteiro. No Brasil, porém, acabamos sofrendo ainda mais, já que, com o dólar valorizado frente ao real, qualquer elevação nos preços de produtos em dólar causa um aumento multiplicado algumas vezes quando se mede o valor do mesmo em reais.
E qual a consequência da inflação?
A principal delas é a perda do poder de compra do nosso dinheiro. O que você comprava mês passado com 100 reais não se consegue mais comprar esse mês, e isso vai acontecendo repetidamente com o passar do tempo, se a inflação não for controlada.
E quem mais sofre com a inflação são os mais vulneráveis economicamente, já que esse dinheiro extra criado pelos governos demora muito para chegar até eles. Até chegar na ponta da cadeia, essa parte da população compra com a quantidade antiga de dinheiro produtos com o valor já ajustado para a nova quantidade de dinheiro (maior quantidade e maiores preços). Além disso, quando alguém com grande sobra de dinheiro (os mais ricos) perde valor de compra o que se reduz é o tamanho dessa “sobra”. Porém quando lidamos com quem já tem orçamento apertado para o mês, essa perda do poder de compra significa deixar de comprar alguns produtos essenciais para uma vida digna.
Essa é a grande crueldade que a inflação nos impõe. Por isso a luta intensa que governos fazem para controlá-la.
E qual o mecanismo que os governos mais costumam usar para conter a inflação? Aumento dos juros. E o que significa aumentar os juros, na prática? Significa tirar dinheiro da economia, o que faz se reduzir investimentos e também consumo, para segurar a alta dos preços.
Mas como dá para se imaginar, quando se tira dinheiro de circulação para reduzir investimentos, você também segura a economia, que é justamente quem gera renda e empregos a toda a população.
Você mata um monstro, produzindo outro.
Qual a melhor forma de se evitar essa cadeia interminável de desastres econômicos? Evitar populismos inconsequentes, não começando o ciclo explicado acima.
Mas quando isso será consenso no mundo todo e, principalmente, no Brasil? Só Deus, sabe, infelizmente.
Foto: Agência Brasil