O corpo do garoto Ronald Kaique Sodré Paz, de sete anos, foi enterrado no cemitério de Castanhal, cidade do Pará, nesta sexta-feira (24), às 15h. Abalada pela perda repentina, a mãe, Vanessa Sodré, disse que quer justiça pela perda do filho único. Para a família, houve negligência no atendimento à criança, que começou a ser atendida na rede pública de Santa Bárbara d’Oeste, no sábado (18). A prefeitura informou que os atendimentos à criança são avaliados por uma comissão interna.
Segundo Vanessa, Ronald era asmático e começou a reclamar de dores nas pernas e nos olhos. Ele foi levado ao pronto-socorro Afonso Ramos, foi medicado e liberado. No domingo (19), surgiram manchas no corpo do menino e a mãe voltou ao pronto-socorro, onde foi feito exame para dengue. “Eles falaram que deu negativo mas que poderia ser um falso positivo, passaram injeção e mandaram vir embora”, contou.
Segundo a mãe, Ronald passou bem a segunda-feira. Na quarta-feira, ele voltou a passar mal e a mãe o levou ao Pronto-socorro Edson Mano. “O médico mal olhou para ele e mandou ele vir para casa”, contou. A mãe decidiu voltar com a criança ao Afonso Ramos na noite de quarta-feira, pois Ronald passou a cuspir sangue. “O doutor falou que ele estava com dengue e crise asmática, fizeram medicação e ele aliviou e mandaram ele para casa”, relatou.
Às 5h de quinta-feira eles voltaram ao Afonso Ramos e o médico prescreveu mais medicamentos. Só após a mãe chamar uma enfermeira e mostrar que a criança estava cuspindo sangue e cansado, decidiram levá-la para uma unidade semi-intensiva. “A saturação dele estava muito baixa, quando foram entubar, ele acabou falecendo”, contou emocionada.
Ela se queixa das idas e vindas aos prontos-socorros sem que os médicos pedissem um exame mais detalhado ou até mesmo um raio-x da criança.
Outro lado
A Prefeitura de Santa Bárbara d’Oeste disse lamentar o falecimento de Ronald Kaique Sodré Paz e se solidariza com os seus familiares. “A Administração Municipal reitera que mantém contato e segue dando todo o suporte necessário à família, inclusive custeando o transporte aéreo dos pais e o translado do corpo para Belém (PA), onde será sepultado”, informou em nota.
Sobre os atendimentos realizados nos prontos socorros Afonso Ramos e Edison Mano, entre os dias 18 e 22 de maio, a Secretaria de Saúde informou que todos os esforços das equipes foram realizados, mas que, infelizmente, não foi possível evitar o óbito. “A pasta salienta que, visando a preservação do sigilo e da confidencialidade, avalia não ser pertinente o fornecimento de informações detalhadas sobre os atendimentos, salvo para as autoridades competentes, mas reforça que acompanha essa e qualquer situação que resulte em óbito, por meio de comissão interna, e que caso seja verificada alguma conduta divergente da habitual nos atendimentos prestados, adotará as providências legais”.
“Em relação a informações que estão sendo aventadas em algumas publicações e relatos, sobre hipótese diagnóstica do caso, a Secretaria de Saúde informa que foram realizados todos os exames pertinentes e encaminhadas coletas para laboratório de referência e que, somente após as análises, a causa do óbito poderá ser comprovada”, acrescentou.