Redação Jornal Americanense

Grupo de historiadores independentes de Americana revela a história oculta da cidade em livro

Mariana Spaulucci Feltrin, Jefferson Luis Bocardi e Elizabete Carla Guedes foram os pioneiros dessa jornada, logo seguidos por Gabriela Simonetti Trevisan

Obra se debruça sobre a história das sesmarias, da Fazenda Salto Grande e da escravização no município

No ano de 2016, um grupo de entusiastas da história local e regional de Americana uniu forças para desvendar os segredos enterrados nos séculos anteriores da cidade. Mariana Spaulucci Feltrin, Jefferson Luis Bocardi e Elizabete Carla Guedes foram os pioneiros dessa jornada, logo seguidos por Gabriela Simonetti Trevisan, que se juntou ao grupo no início de 2017. Juntos, eles formaram os “Historiadores Independentes de Carioba“.

O impulso para a criação do grupo surgiu do contato estabelecido por Elizabete Carla Guedes, então administradora na Casa Hermann Müller. O encontro revelou um interesse mútuo em explorar a história local e regional, identificando lacunas na disponibilidade de fontes históricas e bibliografia relacionada. A principal motivação do grupo foi enfrentar o silenciamento em relação aos séculos XVIII e XIX, uma época crucial e pouco explorada na história de Americana.

O resultado desse empenho é o livro “Americana, uma história entre rios: das sesmarias a Salto Grande”, que marca não apenas a estreia literária do grupo, mas também um mergulho profundo na história esquecida da região. Antes do livro, o grupo já havia publicado um artigo pela revista Resgate, vinculada ao Centro de Memória da Unicamp, cujo acervo foi uma fonte valiosa para suas pesquisas.

A pesquisa, conduzida de maneira totalmente autônoma, destacou a falta de apoio financeiro inicial. Os Historiadores Independentes de Carioba financiaram suas atividades através de eventos, como o Ciclo de Palestras Históricas, que trouxe historiadores da região para discutir diversos aspectos da história local. Além disso, os roteiros históricos, como o que passava pelo Cemitério da Saudade, proporcionaram uma fonte adicional de financiamento por meio de contribuições voluntárias.

Somente mais tarde, na reta final do projeto, o grupo recebeu apoio da lei Aldir Blanc, permitindo o direcionamento de recursos para visitas aos arquivos em Campinas, São Paulo e Limeira. A pesquisa, fundamentalmente baseada em arquivos e fontes históricas, abordou temas desde as sesmarias no século XVIII até as principais fazendas do século XIX, concentrando-se especialmente na Fazenda Salto Grande.

“A gente entra em um capítulo que vai abordar um pouco a questão das sesmarias, em ordem cronológica. Depois, adentramos na Fazenda Salto Grande, debatendo a família Villela, considerada por muito tempo os primeiros donos da fazenda Salto Grande. No entanto, identificamos nas fontes históricas que isso não é verdade. Em seguida, debatemos a real família que foi proprietária dessa fazenda e procuramos encerrar, refletindo um pouco sobre a temática da escravização”, comentou ao JA a historiadora Gabriela Trevisan.

Uma contribuição única do livro são as tabelas anexas no final, listando os escravizados, oferecendo uma visão mais profunda da contribuição social, cultural e intelectual da população negra na formação de Americana, além de dados valiosos sobre as famílias escravizadas, incluindo idade, origem e outros detalhes

O trabalho do grupo não se encerra com este livro. Eles planejam estender suas pesquisas para outras fazendas em Americana, aprofundando-se na questão da escravização. Embora não haja um prazo definido para a conclusão desses projetos futuros, a dedicação dos Historiadores Independentes de Carioba promete continuar lançando luz sobre os aspectos menos conhecidos da história da região. Americana, uma cidade que por tanto tempo teve seus séculos anteriores em silêncio, agora pode contar com um grupo comprometido em resgatar e compartilhar sua rica herança histórica.

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