Buscas realizadas na empresa Kondor Fly, em Santa Bárbara d’Oeste, encontraram arquivos digitais que indicam que a quadrilha que produzia fuzis na fábrica também projetava pistolas do tipo Glock, segundo fontes ligadas à investigação. Entre os arquivos apreendidos estavam nomes como “G19_v2”, “SlideGlock” e “Lower_Pistol_45”, compatíveis com componentes de pistolas semiautomáticas de uso restrito.
O material estava armazenado em um disco rígido externo apreendido durante as diligências. Investigadores informaram que os arquivos continham modelos tridimensionais (CAD) cujas dimensões eram idênticas às da Glock 19, uma das armas mais procuradas no mercado ilegal por sua compactação e capacidade de uso em condições urbanas.
Há indícios de que as peças e armas produzidas pela organização eram negociadas com o chamado CV. As apurações tentam agora identificar a extensão das vendas e os destinatários das remessas. Fontes policiais afirmam que a existência dos projetos digitais facilita a reprodução das peças em máquinas de usinagem ou impressoras 3D, o que agrava o risco à segurança pública.
O programador Anderson Custódio Gomes, apontado pela investigação como o suposto cérebro da operação de desenho e parametrização das peças, afirmou em depoimento: “Eu fiz os desenhos no Fusion pra estudar. Era pra testar o curso da máquina, não era pra fazer arma”. A declaração será confrontada com a perícia técnica nos arquivos e com provas materiais recolhidas no local.
Autoridades ressaltam que a produção, o porte e a comercialização de armas de fogo e de componentes de uso restrito são crimes previstos na legislação federal, e que a existência de projetos que permitam a reprodução de armas pode configurar participação em organização criminosa e facilitação de tráfico de armamento. As apurações continuam para identificar todos os envolvidos e possíveis responsabilidades civis e criminais.






