Especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos dá dicas de como não se tornar vítima das fakes news
O termo pode ser em inglês, mas os casos estão cada vez mais comuns no Brasil. As Fake News, ou mentiras / notícias falsas ganham cada vez mais espaço no cenário político, em especial durante eleições presidenciais. Em outubro, a próxima Eleição Presidencial ocorrerá e, apesar de todos os esforços do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em coibir e excluir as fake news, ainda assim é necessário estar atento. Por isso, a pedido do JA, o especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos, Francisco Gomes Júnior elaborou algumas dicas para seguir.
Em 2018, nas últimas eleições presidenciais, a grande maioria das pessoas recebeu vídeos, notícias e até áudios falsos em todos os momentos da eleição: antes, durante e depois. Candidatos fantasmas, falas que nunca existiram e até mesmo fotos e vídeos que tentavam tirar a credibilidade em urnas eletrônicas correram a internet.
Esta prática, ilegal, deu grande vantagens a alguns políticos de primeira viagem, que foram eleitos com base em ações de robôs e divulgação de notícias falsas. Para não acontecer o mesmo agora, nas Eleições 2022, é necessário estar atento a algumas detalhes.
Para que você não se torne vítima de uma fake news confira as dicas de Júnior:
- Cuidado com vídeos chocantes ou reveladores de um candidato. No recurso conhecido como deepfake, um vídeo utilizando a imagem de uma pessoa e insere frases não ditas por ela. O exemplo emblemático desse tipo de recurso é um vídeo de Barack Obama dizendo frases que na realidade eram ditas por alguém que não aparecia na filmagem;
- Nesse tipo de vídeo o candidato que se quer difamar certamente falará em temas reprovados pela sociedade. Imagine um candidato dizendo que apoia a pedofilia ou mesmo que tem um pacto com o demônio. Serão vídeos fortes assim, com o objetivo de chocar e provocar repulsa imediata àquele candidato no vídeo;
- Até mesmo a presença de alguma pessoa em uma reunião pode ser inverdade. Atualmente, existe recurso para entrar em uma reunião no zoom com o rosto de uma celebridade ou com foto de banco de dados. Esse recurso é conhecido como DeepFaceLive;
- Cuidado também com vídeos onde o candidato apareça bêbado. Nos Estados Unidos, a deputada democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara, teve uma fala sua com velocidade reduzida, para dar a impressão de que ela estava embriagada. O vídeo foi compartilhado pelos seus adversários e teve 2,2 milhões de visualizações em 48 horas.
Ainda de acordo com o especialista, atualmente muitas fotos usadas em perfis em redes sociais são de pessoas que nem existem. “O site This Person Does Not Exist exibe retratos de pessoas com rostos gerados por algoritmos. Impossível distinguir um rosto criado de um real”, afirma.
Mas, como combater essas ferramentas?
“Na era digital, a forma de extinção desses mecanismos de fabricação de mentiras passa pelo desenvolvimento de ferramentas capazes de identificar as montagens. No entanto, enquanto não forem desenvolvidas tais ferramentas, a melhor solução é a de sermos prudentes e observadores antes de propagar uma postagem “bombástica”, checando sua origem e quem a encaminhou. Na dúvida, desconfie, pesquise e recorra a algum dos sites de checagens de notícias que existem”, conclui.