Ao JA, o atual presidente da Câmara conta as dificuldades que teve no PSDB e os desafios à frente do cargo que ocupa
Thiago Brochi (sem partido) é o atual Presidente da Câmara Municipal de Americana. Eleito pela primeira vez em 2016 com 1167 votos e reeleito em 2020 com 1456 votos, já ocupou os cargos da 1ª e 2ª Secretaria. Formado em Gestão Pública, também trabalhou como Diretor Administrativo da Secretaria de Saúde de Americana, entre outras funções. Ao JA, Brochi conta os desafios à frente da presidência da casa.
Quem é Thiago Brochi e como você se define?
Eu sou alguém que acredita nos sonhos, trabalhador, com um coração gigantesco e privilegiado pela saúde, amigos e família que tenho.
Você teve envolvimento com a política desde cedo. Como você decidiu entrar para a área?
Eu fazia política e não sabia desde o tempo da escola. Fui presidente do grêmio estudantil, realizava excursões, torneios interclasse, agitava a escola, ajudava. Isso já era fazer política, mas eu não tinha esse olhar. Em 2004, de 19 para 20 anos, recebi o primeiro convite para sair como candidato a vereador. Me falaram: dessa maneira você consegue ajudar a cidade. Por esse motivo disputei minha primeira eleição, obtive 373 votos (acredito que da família e amigos). Sem estrutura, pela idade, acredito que fui muito bem votado na primeira. Veio a campanha seguinte em 2008. Não ganhei. Em 2012 foi a minha terceira eleição, uma experiência incrível, apesar do resultado. Tive 2154 votos, fui o quinto mais votado da cidade, mas pelo coeficiente não consegui entrar. Em 2016, fui eleito e ocupei a 1ª Secretaria. Fui 2º Secretário em 2020 com a reeleição. A reeleição é mais difícil porque você é julgado pelas decisões que você já tomou. Graças a Deus a população aprovou meu mandato. Em 2020 acabei me tornando líder de governo. Foi a maior experiência política que tive, um grande desafio sair da zona de conforto.
Todas as suas primeiras experiências foram no PSDB. Como você avalia atualmente a sua passagem no partido?
Eu tive muitos desentendimentos com o PSDB mas, politicamente, era o partido que me dava a oportunidade na matemática política de fazer três cadeiras. Se eu mudasse de partido, por mais que não concordasse com um monte de coisa, essa chance iria diminuir. A gente sabe que não existe eleição ganha. Tive essa visão, falei: minha aposta vai ser no PSDB. Em 2020, tive um grande desafio porque o partido fechou todas as portas para mim. Não entregou o material correto. Eles sabiam de todas as minhas decisões, que eu era contra o governo Doria e contra algumas decisões internas do partido, então isso me trouxe problemas. Mas, se Deus me desse uma caneta e dissesse ‘você vai escrever sua história’, ela não seria tão perfeita como foi. Com todos os desafios internos, fui o vereador mais votado do partido, não gastei um centavo de dinheiro público na campanha e fui reeleito. Com essa reeleição, no primeiro ano de legislatura, fui 2º secretário, líder de governo e hoje estou como Presidente da Câmara Municipal.
Como foi se tornar líder de governo?
Isso não passava pela minha cabeça, nem o cargo de Presidente. O Chico me telefonou após a eleição e me disse: você é um dos vereadores mais experientes da casa e, para a função de líder, eu preciso de alguém que tenha experiência em plenário. Eu não queria sair daquela zona de conforto. Respondi: Chico, eu ajudo a administração, acredito em você, mas a liderança é uma grande responsabilidade, acredito que não estou preparado. Ele respondeu que precisava contar comigo. Politicamente foi uma experiência muito bacana. Agradeço ao Chico a oportunidade de ter acreditado e ter entregue o andamento dos projetos do Executivo à minha pessoa. Ele nunca me pediu nada como “derruba esse projeto, faz aquilo”. Sempre me deu liberdade de trabalho e sabe separar muito bem os poderes do Executivo e do Legislativo. Por isso eu estou junto como cidadão ao governo Chico Sardelli.
Qual é a sua avaliação da legislatura atual da Câmara?
Em todas as legislaturas, escuto que essa é “a pior Câmara Municipal que passou pela cidade”. De uma forma geral, muitos estão no primeiro mandato. É natural você estar na vida pública e receber críticas. O homem que se coloca à disposição sempre vai receber críticas porque a população sempre quer o melhor. E é uma obrigação nossa. Eu vejo uma Câmara Municipal (estou aqui todos os dias) sem exceção, com vontade por parte de todos os vereadores e vereadoras para buscar algo melhor para a cidade de Americana.
“Sem olhar para partido ou para aqueles com quem tenho maior ou menor intimidade, vejo uma Câmara Municipal com muita vontade de mudar”
Você assumiu como presidente da Câmara no começo desse ano. Já é possível realizar uma avaliação da sua gestão?
Tive alguns desafios. A gente depende de muita burocracia de documentos e licitações. Mas consegui avançar na questão do concurso público. Há dez anos nós não tínhamos. Estou também a caminho de uma Câmara mais segura. Nós não temos um centro de segurança e de monitoramento adequado. Eu trouxe de volta o programa Câmara Jovem, que faz um brilhante trabalho para que as crianças do município possam conhecer o dia a dia da casa. Estou abrindo a Câmara aos sábados, último sábado de todo mês, para a população, trabalhando a abertura para exposições culturais, feiras pet. Quero entregar uma Câmara melhor, sem esquecer a possibilidade, muito pequena ainda, não para o próximo ano, de dar o primeiro passo em um terreno para a construção da sede própria.
Quais são as suas perspectivas para as eleições de 2024?
Eu sou pré-candidato, mas não defini ainda o partido. No entanto, posso adiantar que tenho dois grandes amigos do PL que me deram muito apoio no momento difícil que tive no PSDB. Não basta simplesmente mudar de partido, mas é preciso ter padrinhos em um bom sentido que te abracem, respeitem, que vão te ajudar com verbas para a cidade. Um pedido deles tem peso nessa hora. Hoje eu estou muito perto do PL.