Redação Jornal Americanense

Conheça Humberto Giacomin, empresário que viveu as principais mudanças de Americana

No coração de Americana, onde as ruas testemunham os passos de uma cidade que floresceu ao longo de 148 anos, vive Humberto Giacomin, um homem que carrega consigo as lembranças e histórias que moldaram este município. Nascido em 1937, oriundo de Hortolândia, Humberto chegou a Americana com apenas 14 anos, trazendo consigo não apenas sua bagagem pessoal, mas também a riqueza das experiências de sua família e da comunidade que deixou para trás.

Humberto relembra com carinho a vida no sítio em Itu, onde cresceu ao lado de seus parentes. Cada membro da família tinha sua área, cuidava de suas plantações e colhia os frutos do trabalho árduo. Mas em 1949, um rumor ecoou pelos ventos: Americana estava em busca de funcionários tecelões. Era um chamado para uma nova oportunidade, um convite para participar da construção de um sonho coletivo.

Naquela época, a cidade era um terreno fértil para sonhadores e trabalhadores, oferecendo emprego a todos que ousassem se aventurar. Humberto relembra com uma pitada de nostalgia: “Na época em Americana todo mundo tinha emprego.” Foi esse espírito acolhedor e a perspectiva de prosperidade que levaram sua família a cogitar a mudança. Venderam o sítio e foram, um a um, em busca de um novo começo.

Primeiro, os irmãos mais velhos de Humberto fizeram a jornada para verificar se os rumores eram verdadeiros. Eram tempos de incerteza, mas também de esperança. Com o sucesso da empreitada dos irmãos, era a vez de Humberto embarcar nessa jornada solitária, pegando o trem para uma cidade que em breve se tornaria seu lar.

No início, suas responsabilidades consistiam em levar o café da manhã para seus irmãos na fábrica onde trabalhavam. Era uma maneira humilde de contribuir para a família e participar do sonho que eles compartilhavam. Mas a tenacidade de Humberto logo o levou a uma nova direção. Após pouco mais de um ano, ele começou a trabalhar na espuladeira, uma máquina crucial no processo têxtil. Era um novo começo, e ele se lembra com detalhes do seu primeiro emprego: “Foi o meu primeiro emprego. Acredito que trabalhei uns dois, três anos com isso.”

Enquanto Americana crescia e se transformava, Humberto também construía sua vida pessoal. Em 1960, ele se casou e, ao longo dos anos, se tornou pai de três filhos – Fabiano, Adriano e Humberto Júnior. À medida que sua família florescia, sua carreira também tomava novos rumos. O mundo da contabilidade o chamava, e ele abraçou essa oportunidade, construindo um caminho que se entrelaçava com a evolução da cidade.

Um encontro com um homem que transportava gado do interior para o abate nos açougues de Americana mudou o rumo de sua carreira. Esse homem percebeu a habilidade contábil de Humberto e sua paixão por números, e uma proposta surgiu: comprar um escritório contábil que atendia os açougueiros locais. E assim, em um ato de determinação e coragem, Humberto adquiriu seu primeiro escritório com um pagamento inusitado – seu próprio carro, um Dauphine.

Com essa mudança, Humberto abraçou uma nova fase de sua vida. O negócio cresceu, e sua reputação se solidificou como um contador confiável e habilidoso. Em 1978, ele expandiu seus horizontes ao comprar um terreno de seu irmão e construir seu escritório em seu próprio terreno, um marco duradouro na paisagem urbana de Americana. 

As memórias de Humberto são um tesouro de eventos e sensações. Ele relembra a época em que as caminhadas eram a forma predominante de locomoção, e ele percorria as ruas da cidade, da Rua Professor Ignácio Dias Leme até a igreja, absorvendo cada aspecto de Americana. As lembranças da jornada de cinco anos de namoro, o sacrifício de ir e voltar a pé da casa de sua ex-mulher, revelam um tempo em que o amor era construído passo a passo, junto com a cidade. Ele testemunhou a primeira experiência de calçamento nas ruas e viu a Vila Carioba com suas cercas e portões.

Ao lado de suas realizações profissionais, Humberto nutriu sua paixão pelo futebol. Durante 68 anos, ele jogou, competiu e se divertiu, sempre ligado aos times e bairros de Americana. Ele foi um quarto zagueiro no juvenil do Rio Branco, jogou nos times do São Vito, Sete de Setembro, Unidos e América e teve uma jornada de 12 anos no Dom Bosco e 14 anos no Carioba com o Santa Cruz, contribuindo para a paixão esportiva da cidade.

Hoje, Humberto Giacomin é mais do que uma testemunha da história de Americana; ele é uma parte intrínseca dela. Suas memórias, suas experiências e seu amor pela cidade refletem os altos e baixos, as mudanças e os desafios que caracterizaram esses 148 anos de vida municipal.

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