A edição tem como título “Sob as cinzas, brasa” e acontecerá a partir do dia 23 de julho, com curadoria de Cauê Alves, Claudinei Roberto da Silva, Cristiana Tejo e Vanessa Davidson
O Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a partir do dia 23 de julho o 37º Panorama da Arte Brasileira. “Sob as cinzas, brasa” é o título e a imagem propostos pela comissão curatorial plural composta por Claudinei Roberto da Silva, Vanessa Davidson, Cristiana Tejo e Cauê Alves, que constituíram a exposição com trabalhos de 26 artistas e coletivos de diferentes regiões do Brasil. Após um extenso processo de pesquisa e debates, a curadoria do 37º Panorama enfatiza as pesquisas que resultam em questionamentos e possíveis soluções artísticas surgidas do enfrentamento de um cenário onde a barbárie está manifestada de diversas formas. Ideais de civilização se atritam na busca da dimensão plural sobre as questões trazidas à tona a partir de obras que se relacionam tanto pela condição comum deste cenário quanto por uma diversidade de perspectivas, sendo seus autores de diferentes gerações e identidades étnico raciais e de gênero.
A necessidade de rever a história brasileira a partir de novas análises políticas e sociais, da pluralidade de identidades de gênero, das lutas antirracistas e da relação humana com o meio ambiente são alguns dos temas recorrentes nas instalações, fotografias, pinturas, vídeos, esculturas e projetos deste Panorama. Para o curador Claudinei Roberto da Silva, “Acredito que o elenco de artistas selecionados espelha a diversidade das experiências do grupo curatorial. Considero que as distinções de gênero, raça e classe que podem ser observadas nesta pequena comunidade de curadores criou uma fricção, que ao invés de promover divergências, foi importante à formatação dos conceitos que orientaram a seleção dos artistas.”
A curadoria se deu a partir de um processo dinâmico e orgânico com artistas e referências que tensionam pontos de vista intrigantes e cujas pesquisas se relacionam com uma possível simbologia da brasa. Isso foi possível a partir de um “esforço colaborativo, uma série dinâmica de conversas sobre as imagens e questões no centro das práticas desses diversos artistas que permitiram que a própria exposição tomasse forma paulatinamente”, considera a curadora Vanessa Davidson. “O conjunto dos artistas reunidos no Panorama de 2022 revela a multiplicidade e a diversidade da produção artística contemporânea no Brasil. E mesmo com toda essa diversidade, os artistas possuem poéticas que possibilitam novos sentidos ao serem colocadas em diálogo umas com as outras.”, comenta Cauê Alves, que também é curador-chefe da instituição.
Para a curadora Cristiana Tejo, “procuramos trazer nomes que não estão atualmente nos holofotes (ou pelo menos não estavam quando fechamos nossa pesquisa), para que o público possa conferir o Panorama com um certo frescor ao conjunto. Conseguimos reunir um grupo de artistas forte, potente e honesto. Acima de tudo estou muito feliz em poder fazer parte dessa jornada.”
Sobre o Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo
A série de mostras Panorama da Arte Brasileira foi iniciada em 1969 e coincidiu com a instalação do MAM São Paulo em sua sede na marquise do Parque do Ibirapuera. As primeiras edições do Panorama marcaram a história do museu por terem contribuído direta e efetivamente na formação de seu acervo de arte contemporânea. Ao longo das 36 mostras já realizadas, o Panorama do MAM buscou estabelecer diálogos produtivos com diferentes noções sobre a produção artística brasileira, nossa história, cultura e sociedade. “O Panorama da Arte Brasileira do MAM, realizado a cada dois anos, sempre produz novas reflexões acerca dos debates mais urgentes da contemporaneidade brasileira. As questões culturais e sociais que permeiam o país são continuamente potencializadas pela curadoria, que assume perspectivas múltiplas para lidar com nossos problemas históricos”, afirma a presidente do MAM São Paulo, Elizabeth Machado.
Artistas que integram o 37º Panorama da Arte Brasileira – “Sob as cinzas, brasa”
Ana Mazzei (São Paulo, SP, 1980 – vive em São Paulo)
André Ricardo (São Paulo, SP, 1985 – vive em São Paulo)
Bel Falleiros (São Paulo, SP, 1983 – vive em Nova York, EUA)
Camila Sposati (São Paulo, SP, 1972 – vive em Viena, Áustria)
Celeida Tostes (Rio de Janeiro, RJ, 1929 – idem, 1995)
davi de jesus do nascimento (Pirapora, MG, 1997 – vive em Pirapora)
Éder Oliveira (Timboteua, PA, 1983 – vive em Belém)
Eneida Sanches (Salvador, BA, 1962 – vive em São Paulo, SP) e Tracy Collins (Nova York, EUA, 1963 – vive em Nova York) (LAZYGOATWORKS)
Erica Ferrari (São Paulo, SP, 1981 – vive em São Paulo)
Giselle Beiguelman (São Paulo, SP, 1962 – vive em São Paulo)
Glauco Rodrigues (Bagé, RS, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 2004)
Gustavo Torrezan (Piracicaba, SP, 1984 – vive entre Piracicaba, São Paulo e Castanho, AM)
Jaime Lauriano (São Paulo, SP, 1985 – vive entre São Paulo e Porto, Portugal)
Lais Myrrha (Belo Horizonte, MG,1974 – vive em São Paulo)
Laryssa Machada (Porto Alegre, RS, 1983 – vive em Salvador, BA)
Lidia Lisbôa (Guaíra, PR, 1970 – vive em São Paulo)
Luiz 83 (São Paulo, SP, 1983 – vive em São Paulo)
Marcelo D’Salete (São Paulo, SP, 1979 – vive em São Paulo)
Maria Laet (Rio de Janeiro, RJ, 1982 – vive no Rio de Janeiro)
Marina Camargo (Maceió, AL, 1980 – vive em Berlim)
Nô Martins (São Paulo, SP, 1987– vive em São Paulo)
RODRIGUEZREMOR (Denis Rodriguez [São Paulo, SP, 1977 – vive em Igatu, BA] e Leonardo Remor [Estação, RS, 1987 – vive em Igatu, BA])
Sérgio Lucena (João Pessoa, PB, 1963 – vive em São Paulo)
Sidney Amaral (São Paulo, SP, 1973 – idem, 2017)
Tadáskía (Rio de Janeiro, RJ, 1993 – vive entre o Rio de Janeiro e São Paulo, SP)
Xadalu Tupã Jekupé (Alegrete, RS, 1985 – vive em Porto Alegre, RS)