Num episódio digno de um episódio de Black Mirror ou de uma paródia jurídica futurista, um homem resolveu inovar — ou melhor, improvisar — ao apresentar sua defesa por meio de um advogado criado por inteligência artificial. Sim, literalmente: ele gerou um avatar digital, com suéter elegante, cabelo bem arrumado e voz articulada, para defender sua causa diante do tribunal.
“Que o tribunal me permita falar… venho aqui, humildemente para apresentar meu argumento diante de um painel de cinco juízes…”, começou o vídeo, com uma pompa quase shakespeariana. O avatar parecia pronto para uma audiência no Supremo, mas a encenação não convenceu a juíza responsável pelo caso.
Curiosa com a eloquência do “advogado”, a juíza interrompeu perguntando se este homem era o advogado da parte. Foi então que o homem, meio constrangido, revelou a origem cibernética de seu defensor: ele mesmo havia criado o personagem com o auxílio de uma IA generativa.
A juíza não gostou da surpresa. “Você foi até o escritório do meu assistente e teve conversas presenciais por mais de 30 minutos. Ok. Eu não gosto de ser enganada”, declarou, visivelmente irritada com o truque digital.
O réu tentou se justificar: disse que não tinha advogado e que criou o avatar apenas como uma forma de “se expressar melhor”.
Apesar da justificativa, o tribunal não ficou convencido. A juíza criticou a falta de transparência e lembrou que o mínimo exigido em um processo judicial é a honestidade na apresentação dos fatos — inclusive dos advogados, reais ou virtuais.
O caso, que já tinha uma natureza delicada por se tratar de uma ação trabalhista, agora entra para os anais das audiências mais surreais da justiça estadunidense. Enquanto isso, o “advogado de suéter” já deve estar, em silêncio, armazenado em algum canto da nuvem — aguardando, talvez, o próximo cliente criativo.