A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana investiga o envolvimento do vereador Paulo Eduardo Dias Júnior, o Juninho Dias (PSD), em um caso de disparos de arma de fogo no bairro Jardim da Mata, em Americana. De acordo com boletim de ocorrência registrado pela delegacia especializada, na noite desta quinta-feira (29) o parlamentar se envolveu em uma briga com um homem de 43 anos e, por motivos ainda desconhecidos, teria atirado contra ele.
Equipes da DIG foram até o local com o objetivo de localizar o vereador e esclarecer os fatos. Durante as diligências, surgiram versões contraditórias sobre o ocorrido. Uma delas indicava que a vítima não foi atingida por tiros, mas sim agredida fisicamente por simpatizantes do vereador.
A Polícia Civil foi até a casa do vereador e considerando a situação de flagrante, entrou no imóvel. Contudo, não localizou Juninho nem outras pessoas envolvidas no incidente. Enquanto uma equipe realizava buscas na residência, outra equipe recebia informações sobre a possível motivação da briga que resultou nos disparos.
Durante a busca no quarto do vereador, foram encontradas duas pistolas calibre nove milímetros, além de 43 munições intactas do mesmo calibre e 29 estojos deflagrados. Também foram localizadas cinco munições calibre .38 e duas caixas de armas de fogo, relativas a uma pistola Glock e um revólver Taurus, armas que possivelmente estariam sob a posse do vereador. Em um compartimento superior do guarda-roupas, a polícia apreendeu uma caixa contendo documentos que indicavam transações financeiras de valores elevados, o que levou à apreensão de um veículo Land Rover Evoque, de cor branca, e uma motocicleta BMW GS1250 para aprofundamento das investigações sobre possível enriquecimento ilícito e outros crimes contra a ordem tributária.
Além disso, dois cigarros de maconha e uma coleira de choque, usados como forma de maus-tratos em cachorros, também foram encontrados e apreendidos no imóvel do parlamentar.
As agressões físicas
A ocorrência foi registrada na DIG de Americana, onde o delegado ordenou que uma equipe fosse ao encontro da suposta vítima, que foi descoberta e revelou informações relevantes sobre a autoria e a materialidade dos crimes. Em depoimento preliminar, o homem relatou que teve um desentendimento com o pai e o assessor do vereador, conhecido como “Paulinho” e “Biriba” ou “Berinjela”, e acabou sofrendo agressões físicas, principalmente na cabeça.
Momentos depois, “Juninho Dias” teria chegado ao local empunhando uma pistola e disparado várias vezes contra a vítima, que não foi atingida. Após os disparos, Juninho Dias fugiu em um SUV branco, seguido pelo pai e pelo assessor, e, chegando à sua residência, trocou de veículo.
A equipe da Polícia Civil voltou ao local dos disparos e, mesmo após perícia técnica, conseguiu localizar e apreender dois estojos calibre nove milímetros. A análise preliminar dos fatos descartou a possibilidade de legítima defesa, seja própria ou de terceiro, já que tanto o vereador quanto seu pai são praticantes de artes marciais e, portanto, poderiam cessar uma eventual agressão física sem o uso de arma de fogo.
As investigações sobre o caso continuam em andamento, e a Polícia Civil suspeita de possíveis ‘ilícitos comerciais’ durante o mandato de Juninho Dias. Essa suspeita é reforçada pela apreensão dos documentos com anotações de transações financeiras suspeitas, o que pode indicar a existência de uma associação criminosa.
Até o momento não há informações se o vereador se apresentou à polícia. Ele foi procurado pela reportagem para comentar os fatos, mas até o momento não retornou as ligações. Em nota em uma rede social, Juninho postou: “ Meu pai idoso foi agredido covardemente e eu fui defendê-lo amanhã iremos esclarecer todos os fatos junto às autoridades competentes”.