Redação Jornal Americanense

Jussania Oliveira: A Solidão da Dor

Em 32 anos de profissão, cuidando da saúde mental e sexual das pessoas, eu nunca vi um período como o que estamos vivendo agora. A quantidade de pessoas emocionalmente comprometidas e com uma série de distúrbios e patologias realmente impressiona.

É fato que sofremos variados tipos de dor e perdas ao longo de nossa existência.

Dor pelo sonho que não se realizou, pelo amor perdido, pela rejeição, pelo emprego não conquistado, pela amizade rompida, pela traição, pela decepção, pelo abuso sofrido, pela perda de alguma habilidade física, enfim… mas uma das piores e mais sofríveis dores, sem dúvida, é a perda de um ente querido, de uma pessoa que amamos.

Infelizmente, em nossa cultura não aprendemos a lidar com a morte com naturalidade, como consequência de um fim de ciclo de vida…

Sabemos da inevitabilidade deste evento. Como dizem os mais vividos: “- Se não vai quando jovem, sendo velho não escapa”.

E é exatamente assim, um caminho que todos nós, sem exceção, teremos que trilhar.

No entanto, mesmo tendo consciência disto, quando perdemos alguém, entramos num estado de questionamento e sofrimento que não tem tempo definido para acabar.

Eis um ponto super importante: cada um de nós tem o seu próprio tempo para elaborar o luto, a perda. E isso deve ser respeitado, tanto pelos outros, mas principalmente por nós mesmos.

O tempo que precisaremos para isso depende muito da pessoa que somos, de como lidamos com nossos sentimentos, do grau de vínculo que tínhamos com a pessoa, da maneira como lidamos com a morte, se nos culpamos por algo que fizemos ou deixamos de fazer, pelas saudades que sentimos…

E todo este processo pode ser muito doloroso. Uma dor que não conseguimos explicar, tampouco mensurar. Uma dor que nos arrasta para um lugar distante e muito…muito solitário. É uma dor única, exclusiva, que apenas quem a sente sabe o quanto é difícil.

Ninguém, absolutamente ninguém, tem o poder de te livrar desta dor. A dor é sua e só você poderá transformá-la, com o tempo, em algo suportável.

A DOR É PESSOAL E INTRANSFERÍVEL!

Também por isso não cabe opiniões ou julgamentos.

Mas é importante que você entenda e aceite que viver implica em sofrer. Que não existe vida sem sofrimentos ou perdas.  E que nossa história será escrita com todas estas experiências e com o modo como lidamos e aprendemos com cada uma delas.

À medida que vamos aprendendo a reconhecer o que realmente tem valor, nossa vida vai se transformando em algo mais leve, menos exigente, mais prazerosa.

Na medida em que amadurecemos, deixamos de gastar tanta energia e saúde mental com situações que não temos controle, com pessoas que não podemos mudar, com acontecimentos que ocorrem independentemente de nossa vontade.

Aprendemos temos o domínio e autonomia para fazer algo para mudar aquilo que depende exclusivamente de nós, mas aprendemos também que muitas, mas muitas coisas mesmo, não dependem de nós, e aí, temos que trabalhar a aceitação.

A partida de alguém é algo que foge completamente do nosso controle. Não temos poder sobre vida e morte.

Por isso, meus lindos, não levem a vida e as pessoas tão a sério.

Abracem mais. Beijem mais. Sorriam mais…muito mais. Estejam com as pessoas que amam sempre que possível. Façam as coisas que dão prazer a vocês. E, principalmente, diga “Eu te amo” muitas vezes.

E enquanto nos for permitido ficar por aqui, faça valer cada minuto e… seja feliz, feliz do seu jeito, à sua maneira!

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