Justiça determinou transferência de paciente com câncer grave após ação de Lyriam Simioni e advogada desmente participação do vereador e da esposa no processo e os acusa de tentar se promover politicamente
Em mais uma confusão nesta semana, o vereador americanense Dr. Daniel Cardoso (PDT) vem sendo acusado por uma advogada de falsamente se promover politicamente em uma causa pela qual não trabalhou.
Trata-se do caso de um paciente com quadro grave de câncer internado no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi que ganhou notoriedade depois de ter sido o suposto pivô da confusão em que o parlamentar e a esposa, Adriana Cardoso, se envolveram nesta semana.
O rapaz está internado desde o início de dezembro e atualmente convive com muitas dores e vem recebendo tratamento com morfina. O caso vem se agravando e, não podendo ser operado no HM (que não é referenciado para este tipo de cirurgia), depende de uma vaga em unidades especializadas.
Na última terça-feira à noite, após ação movida pela advogada Lyriam Simioni, a Justiça tomou decisão que obriga prefeitura de Americana e Estado a disponibilizarem, em 48 horas, uma vaga para o rapaz em unidade de referência em câncer, para que finalmente possa receber o tratamento necessário.
Daniel e Adriana, no entanto, utilizaram a internet para divulgar a informação de que eles, em conjunto com uma outra advogada, teriam sido os verdadeiros “responsáveis” pela decisão de transferência do paciente. Lyriam, que conta ter atuado sozinha durante todo o processo, tendo sido apoiada apenas por familiares do paciente, desmente Daniel.
Em entrevista exclusiva ao JA realizada na manhã desta quinta-feira (6), ela se disse “revoltada” com a situação. “Quando a liminar saiu, apareceu um monte de gente querendo troféu. Eu peguei meu carrinho, fui bater na porta dos médicos, fui no hospital. Quem gastou sola de sapato e tempo de correr atrás de tudo fui eu. Ele não fez! Nem ele nem a Adriana. Só fizeram barraco. Eu detesto barraco.”
Lyriam contou que foi necessário montar uma ação de mais de 160 páginas descrevendo a doença, a necessidade de uma transferência e um relato do histórico do paciente, que corre sérios riscos de agravamento. Ao longo do processo, ela contou ter contato quase diário com servidores do hospital e sua coordenação, e chegou a se reunir até mesmo com o prefeito para buscar solucionar a situação. Por se tratar de um paciente de origem humilde, ela contou que realizava até mesmo intermédio com a equipe de enfermagem que cuidava dele.
O surgimento de Daniel na história, disse ela, só ocorreu depois de consolidada a liminar, considerada uma vitória por todos. “Agora que eu consegui a liminar tem gente que está querendo se aparecer e levar o mérito em cima do meu nome, só que eu não tenho cunho político com ninguém. Hoje já houve uma publicação da minha decisão junto com o nome do Daniel (em um outro veículo de imprensa), eu não o conheço, não quero saber de rolo (…) então eu não quero meu nome envolvido com eles.”
Ela relatou ainda que uma outra profissional teria entrado na Justiça depois dela com o mesmo tema, mas que o juiz do caso entendeu não ser possível julgar a segunda ação, uma vez que a iniciativa havia sido tomada por Lyriam. “Faz quatro meses que ele (o paciente) está com esse problema e não teve um santo para ajudá-lo, não apareceu um vereador, e depois que eu consegui, agora tem gente querendo se promover em cima do meu nome. Que coisa feia se promover em gente que está doente. Estou pensando em representá-la junto à OAB.”
A advogada disse ainda que avalia a possibilidade de entrar com uma ação contra o próprio Daniel e Adriana, caso continuem fazendo o que ela considera autopromoção com a ação judicial. “Não precisava ficar fazendo escândalo, chegar às vias de fato dentro do hospital com uma pessoa doente, o que é isso? Se ela (Adriana) tem um problema com a direção, resolve o problema dela na Justiça, não usa o paciente pra isso. O estado dele é grave, ele está com um câncer maligno, a gente não sabe se ele vai voltar a mastigar na vida dele”, disse.
“Fiz tudo sozinha, ninguém me ajudou, eu escaneei tudo sozinha, não teve um filho de Deus que me ajudou e agora essas pessoas estão usando a minha ação social para se promover politicamente. Estou muito revoltada com isso. Se ele ficar usando meu nome, eu vou processá-lo. De uma ação social, não pode virar virar uma promoção política, eu não aceito”, concluiu.
A Prefeitura de Americana informou, em nota, que o paciente encontrava-se com agendamento para o dia 11 de janeiro por meio do Cross, órgão regulador de vagas no Estado. Após a Liminar, o órgão foi notificado a buscar a transferência do paciente dentro do prazo estabelecido pela Justiça.