Na tradição Pretha Kalyanam, jovens mortos são casados para que possam completar seu ciclo de vida e afastar a má sorte da família
Os bebês Chadappa e Shobha, mortos há trinta anos, se casaram na Índia na última semana. A cerimônia, celebrada no dia 28 de julho, ocorreu mesmo sem os noivos estarem presentes fisicamente. No lugar deles, suas roupas simbolizavam a união de marido e mulher em um ritual de sete etapas preparado por suas famílias.
Trata-se da tradição Pretha Kalyanam, também conhecida como ‘casamento dos mortos’. Nelas, famílias casam seus filhos que morreram antes dos dezoito anos de idade para que possam afastar a má sorte causada por espíritos que, quando não conseguem se casar, podem acabar trazendo problemas para a família.
De acordo com os costumes locais, esses casamentos espirituais permitem que os mortos completem o seu ciclo de vida. Roupas, bonecas e efígies são usadas para representá-los.
A tradição já foi muito comum no passado, mas atualmente ela diminuiu. Um dos motivos para isso está associado à expectativa de vida na Índia, que aumentou, e a mortalidade infantil, que diminuiu. O declínio da cerimônia também está ligado ao número maior de ceticismo das gerações mais jovens, que a tratam como superstição.
Casamentos póstumos também são realizados ao redor do mundo. Na China, a modalidade foi banida pelo Partido Comunista em 1949, mas ainda há relatos da prática ocorrendo nas áreas rurais do país.
Na França, há uma lei que permite que casamentos entre mortos ocorram, desde que com a permissão do presidente francês.
Em entrevista à revista Vice, Kulal, pai de uma das recém-casadas comenta: “Depois do casamento, não tive mais pesadelos e sinto que ela é feliz no além-vida”.