Em meio à disparada dos preços nos supermercados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a solução para o problema é que os brasileiros deixem de comprar produtos considerados caros.
“Tenho dito que uma das pessoas mais importantes para a gente controlar os preços é o próprio povo. Se você vai num mercado aí em Salvador e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tivesse a consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar. Isso é da sabedoria do ser humano. Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro”, declarou o presidente.
A fala, no entanto, foi alvo de críticas por parte da oposição, que considerou a declaração uma simplificação excessiva do problema da inflação e uma tentativa de transferir a responsabilidade do governo para os consumidores.
O senador Ciro Nogueira ironizou a sugestão do presidente: “Nada de cortar gastos nos ministérios, colocar gente competente nas estatais ou gerir melhor a economia. Para o governo, basta que os brasileiros parem de comer, beber e se deslocar”.
Já o senador Sérgio Moro criticou a incongruência entre a orientação dada à população e os gastos do próprio governo. “Para Lula, a população, para combater a inflação, não deve comprar o produto se estiver caro. Já quando os gastos são do Lula, o céu é o limite”, declarou.
A ex-senadora e comentarista da CNN Amélia Lemos também se manifestou, destacando a realidade enfrentada pelas donas de casa brasileiras. “Subestimou a capacidade das donas de casa brasileiras, especialmente aquelas que vivem com um ou dois salários mínimos para alimentar e sustentar uma família de dois, três ou quatro filhos”, afirmou. “As donas de casa que vão ao mercado e à feira sabem muito bem escolher e eleger os preços melhores”, completou.
A declaração do presidente gerou debate sobre a efetividade da estratégia sugerida e sobre quais medidas concretas o governo pretende adotar para conter a inflação e aliviar o peso da alta dos preços sobre os brasileiros, especialmente os mais vulneráveis.